Questões de Português - Orações coordenadas sindéticas: Aditivas, Adversativas, Alternativas, Conclusivas... para Concurso
Foram encontradas 1.243 questões
Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-MS
Provas:
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim
|
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Meio |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Governança |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Infraestrutura de Redes |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Segurança de TI |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Sistemas |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Suporte de TI |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Web Designer |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista Técnico-Contábil - Contabilidade |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Antropólogo - Antropologia |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Arquiteto - Arquitetura |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Arquivista - Arquivologia |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Assistente Social - Assistência Social |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Bibliotecário - Biblioteconomia |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Engenheiro Civil - Engenharia Civil |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Engenheiro Eletricista - Engenharia Elétrica |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Estatístico - Estatística |
Q2489691
Português
Texto associado
Texto – A bananeira está em perigo. Conheça as soluções.
(Fragmento; adaptado)
Robusta, nutritiva e abundante, ela é a fruta mais consumida do
mundo. Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras. Isso significa
que uma doença poderia arrasar a produção mundial. Entenda o
que ameaça a banana – e a corrida para tentar salvá-la.
Por Bruno Garattoni, Renata Cardoso e Leonardo Pujol
§1º Carlos II, rei da Espanha entre 1665 e 1700, também era
conhecido como Carlos, o Enfeitiçado. O apelido veio da
aparência dele, que tinha o rosto estranhamente deformado, do
seu déficit cognitivo (só começou a falar aos 4 anos de idade) e
dos muitos problemas de saúde que enfrentou ao longo da vida.
§2º A bananeira é o oposto disso. Trata-se de uma planta robusta
e viçosa, que cresce rápido e dá muitos frutos: a banana é a fruta
mais consumida do mundo, com 125 milhões de toneladas
produzidas por ano [...].
§3º Carlos II foi o resultado de uma série de casamentos
consanguíneos, em que os membros da dinastia Habsburgo
tiveram filhos entre si ao longo de várias gerações. [...] Mas a
prática teve uma consequência terrível: os descendentes ficaram
mais e mais parecidos geneticamente, e foram acumulando
mutações causadoras de doenças.
[...]
§4º A bananeira domesticada, cujas frutas nós comemos, não
tem sementes. Isso a torna muito mais agradável de consumir. E
também significa que a planta se reproduz de forma assexuada: o
agricultor simplesmente corta um pedaço dela e enterra em
outro lugar.
§5º Nasce uma nova bananeira – que, eis o problema, é
geneticamente idêntica à anterior. Ela não tem, como Carlos II
não teve, um pai e uma mãe com genes bem diferentes, cuja
mistura aperfeiçoa o DNA e ajuda a proteger contra doenças. As
bananeiras são clones – por isso, um único patógeno pode
exterminá-las todas.
§6º E já existe um: o Fusarium oxysporum. Trata-se de um fungo
que se desenvolve no solo, e infecta as raízes das bananeiras,
impedindo que elas puxem água e nutrientes.
§7º Após a infecção, o solo fica contaminado por mais de 30
anos, e não há nada a fazer: o F. oxysporum é imune a todos os
agrotóxicos.
[...]
O preço da banana
[...]
§8º A banana comestível teria surgido no sudoeste asiático.
Acredita-se que, entre 7 mil e 5 mil a.C., os nativos da PapuaNova Guiné teriam feito cruzamentos e domesticado as
bananeiras selvagens (cheias de sementes duras, de quebrar os
dentes). E voilà: desenvolveram bananeiras que produzem frutos
sem sementes.
§9º Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja
se perguntando, não são sementes: trata-se de óvulos não
fecundados. Isso porque os papuásios descobriram um método
curioso para reproduzir a planta: bastava cortar e replantar um
pedaço dela.
[...]
§10º Os séculos se passaram, e, à medida que as rotas comerciais
foram se espalhando pelo mundo, o mesmo aconteceu com a
banana [...].
§11º Foi quando ela chegou aos EUA, contudo, que a coisa
mudou de patamar. [...] Em menos de duas décadas, os
americanos já estavam comendo mais bananas do que maçãs ou
laranjas. De olho nesse mercado, a Boston Fruit Company
começou a comprar terras na América Central para cultivo e
exportação da banana a partir de 1885.
§12º Criada em 1899, a United Fruit Company (UFC) – atual
Chiquita Brands International – se tornou a maior empresa do
setor. Era tão poderosa que, na primeira metade do século 20,
mandava nos governos da Guatemala e de Honduras, onde
mantinha plantações – foi daí que surgiu a expressão “república
das bananas”.
[...]
§13º Em 1951, Juan Jacobo Árbenz Guzmán, de apenas 38 anos,
foi eleito presidente da Guatemala com a promessa de fazer duas
reformas: uma trabalhista e outra agrária, que garantissem
salários justos e devolvessem parte da terra aos pequenos
agricultores.
§14º A United Fruit, obviamente, não gostou. Se opôs duramente
ao novo governo, e em agosto de 1953 conseguiu convencer o
presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a patrocinar um
golpe de estado na Guatemala.
§15º A operação, de codinome PBSuccess, foi organizada pela CIA
– que armou, financiou e treinou 480 homens, liderados pelo
coronel guatemalteco Carlos Castillo Armas, e também organizou
um bloqueio naval.
§16º As tropas de Castillo invadiram o país em 18 de junho de
1954, o Exército não reagiu – e, nove dias depois, o presidente
Guzmán acabou forçado a renunciar. A Guatemala mergulhou em
uma guerra civil que duraria 36 anos. E a United retomou seu
poder. [...]
Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-dabanana
A conjunção “e” apresenta, primariamente, valor aditivo. Dentre
as alternativas abaixo, o único caso em que ela exibe,
adicionalmente, valor conclusivo é:
Ano: 2024
Banca:
UNIVIDA
Órgão:
Prefeitura de Bom Sucesso do Sul - PR
Prova:
UNIVIDA - 2024 - Prefeitura de Bom Sucesso do Sul - PR - Arquiteto |
Q2488845
Português
Texto associado
TEXTO PARA A QUESTÃO.
Precisamos falar sobre a Madonna, a nova
grande voz contra o etarismo
Madonna deixa claro para a gente parar de
julgar as pessoas pela idade que elas têm.
"Nós somos feitos de futuro", se Madonna é,
nós também podemos ser.
Francisco Iglesias | 25/04/2024
“Poder. Inovação. Identidade.
Madonna, 65 anos de talento, ativismo e
importância na cena musical, misturou tudo
isso e muito mais em uma carreira singular na
música, moda, filmes, além disso, ultrapassou
fronteiras e obliterou o status quo.”, publicou o
New York Times durante as celebrações de
seu 60º aniversário.
Durante décadas, Madonna esteve no
centro de polêmicas por causa de suas
canções de discurso empoderado, da defesa
da liberdade sexual da mulher e dos LGBTQ+,
assim como da liberdade de expressão,
influenciando pessoas em todo o mundo. Não
poderia ser diferente, nos dias de hoje, a
rainha do pop tornar-se mais uma das grandes
vozes contra o Etarismo.
“Envelhecer é pecado. Você será
criticada, será vilipendiada e definitivamente
não será tocada no rádio”, disse Madonna
após ganhar o prêmio de Mulher do Ano da
Billboard em 2016. “As pessoas dizem que eu
sou tão polêmica, mas acho que a coisa mais
POLÊMICA1 que já fiz foi ficar por aí.”
Madonna nasceu no final da década de
50 do século passado, em 16 de agosto de
1958. Ela faz parte da geração que inventou o
“jovem”, e ao mesmo tempo, sem saber,
também o etarismo, conforme brilhantemente
o multitarefa Nelson Motta escreveu em sua
coluna de outubro de 2023 para “O Globo”.
“Penso que, assim como inventamos o
‘Jovem’ (e o etarismo), cabe a essa geração de
sobreviventes tentar inventar o ‘Velho’, pelo
rompimento com preconceitos conservadores,
com limitações de cultura e comportamento,
com a construção de velhos fortes e
saudáveis, orgulhosos de sua experiência,
trabalhando, produzindo, namorando, fazendo
sexo, brigando, sofrendo e vivendo da melhor
maneira até onde der.” (Nelson Motta, “De
volta para o futuro”, 1968).
Em geral, uma celebridade não pode se
dar ao luxo de ser tão contundente no que
acredita, mas Madonna fala francamente, “é
sem dúvida um ícone. Mesmo com o passar do
tempo e as reinvenções da indústria musical, a
artista se mantém no topo da lista de
referências quando o assunto é cultura pop.”
(Camilla Millan, na revista “Rolling Stones”)
Como deve ser de conhecimento de
todos, Madonna fará um show gratuito na praia
de Copacabana, Rio de Janeiro, no próximo
dia 4 de maio, em celebração aos 100 anos do
patrocinador, Banco Itaú, aos seus 40 anos de
carreira e ao encerramento do fim da turnê
“The Celebration”.
Propaganda boa a gente tem que
aplaudir, e o pontapé inicial para essa
comemoração dos 100 anos do banco foi a
peça publicitária, estrelada por Madonna e
outros nomes, de dezembro de 2023.
NINGUÉM2
representa mais a ideia de
reinvenção e longevidade na prática do que
Madonna. “Ser feito de futuro é ter capacidade
de perpassar os tempos e permanecer
relevante, se reinventando. Esse movimento é
um convite para que todos se inspirem e
valorizem o tempo, a longevidade e o legado
que cada um constrói em suas vidas”, diz em
nota a superintendente de Marketing do Itaú,
Thaiza Akemi.
O Itaú entregou à Madonna a criação
de seu comercial, a primeira em que o banco
permitiu que um artista criasse do zero a
publicidade. A seguir algumas frases, em
tradução livre, da propaganda:
“É um elogio quando me chamam de
rainha do pop, mas a monarquia pertence ao
passado, eu não. Eu não tenho idade, eu tenho
todas as idades. Não é sobre quem eu sou,
mas quantas eu sou. CONTÉM3 as minhas
conquistas e não o número de anos que vivi
nesse planeta.”
“Sempre estou me reinventando, assim
posso continuar a ser quem eu sou. Continuo
me reinventando para poder continuar sendo
eu mesma. Acho que a coisa mais controversa
que eu já fiz foi ter ficado por aqui. Já vi muitas
estrelas surgirem e sumirem como estrelas
cadentes, mas a minha vida nunca irá
desaparecer.”
“Nem todos estão indo para o futuro,
mas eu estou e continuarei indo, hoje, amanhã
e nos próximos 100 anos.”
Nada se parece mais com Madonna do
que essas frases, com isso Madonna deixa
claro para a gente parar de julgar as pessoas
pela idade que elas TÊM4
. A idade não existe
a não ser pelo preconceito.
“Nós somos feitos de futuro”. Se
Madonna é assim, nós TANBÉM5 podemos
ser.
(Fonte: https://www.em.com.br/colunistas/juventudereversa/2024/04/6844213-precisamos-falar-sobre-amadonna-a-nova-grande-voz-contra-o-etarismo.html.
Acesso em: 27 abr. 2024. Adaptado.)
Qual é a função da vírgula entre
colchetes no trecho “Propaganda boa a
gente tem que aplaudir[,] e o pontapé inicial
para essa comemoração dos 100 anos do
banco foi a peça publicitária, estrelada por
Madonna e outros nomes, de dezembro de
2023.”?
Ano: 2024
Banca:
UNIVIDA
Órgão:
Prefeitura de Bom Sucesso do Sul - PR
Prova:
UNIVIDA - 2024 - Prefeitura de Bom Sucesso do Sul - PR - Arquiteto |
Q2488844
Português
Texto associado
TEXTO PARA A QUESTÃO.
Precisamos falar sobre a Madonna, a nova
grande voz contra o etarismo
Madonna deixa claro para a gente parar de
julgar as pessoas pela idade que elas têm.
"Nós somos feitos de futuro", se Madonna é,
nós também podemos ser.
Francisco Iglesias | 25/04/2024
“Poder. Inovação. Identidade.
Madonna, 65 anos de talento, ativismo e
importância na cena musical, misturou tudo
isso e muito mais em uma carreira singular na
música, moda, filmes, além disso, ultrapassou
fronteiras e obliterou o status quo.”, publicou o
New York Times durante as celebrações de
seu 60º aniversário.
Durante décadas, Madonna esteve no
centro de polêmicas por causa de suas
canções de discurso empoderado, da defesa
da liberdade sexual da mulher e dos LGBTQ+,
assim como da liberdade de expressão,
influenciando pessoas em todo o mundo. Não
poderia ser diferente, nos dias de hoje, a
rainha do pop tornar-se mais uma das grandes
vozes contra o Etarismo.
“Envelhecer é pecado. Você será
criticada, será vilipendiada e definitivamente
não será tocada no rádio”, disse Madonna
após ganhar o prêmio de Mulher do Ano da
Billboard em 2016. “As pessoas dizem que eu
sou tão polêmica, mas acho que a coisa mais
POLÊMICA1 que já fiz foi ficar por aí.”
Madonna nasceu no final da década de
50 do século passado, em 16 de agosto de
1958. Ela faz parte da geração que inventou o
“jovem”, e ao mesmo tempo, sem saber,
também o etarismo, conforme brilhantemente
o multitarefa Nelson Motta escreveu em sua
coluna de outubro de 2023 para “O Globo”.
“Penso que, assim como inventamos o
‘Jovem’ (e o etarismo), cabe a essa geração de
sobreviventes tentar inventar o ‘Velho’, pelo
rompimento com preconceitos conservadores,
com limitações de cultura e comportamento,
com a construção de velhos fortes e
saudáveis, orgulhosos de sua experiência,
trabalhando, produzindo, namorando, fazendo
sexo, brigando, sofrendo e vivendo da melhor
maneira até onde der.” (Nelson Motta, “De
volta para o futuro”, 1968).
Em geral, uma celebridade não pode se
dar ao luxo de ser tão contundente no que
acredita, mas Madonna fala francamente, “é
sem dúvida um ícone. Mesmo com o passar do
tempo e as reinvenções da indústria musical, a
artista se mantém no topo da lista de
referências quando o assunto é cultura pop.”
(Camilla Millan, na revista “Rolling Stones”)
Como deve ser de conhecimento de
todos, Madonna fará um show gratuito na praia
de Copacabana, Rio de Janeiro, no próximo
dia 4 de maio, em celebração aos 100 anos do
patrocinador, Banco Itaú, aos seus 40 anos de
carreira e ao encerramento do fim da turnê
“The Celebration”.
Propaganda boa a gente tem que
aplaudir, e o pontapé inicial para essa
comemoração dos 100 anos do banco foi a
peça publicitária, estrelada por Madonna e
outros nomes, de dezembro de 2023.
NINGUÉM2
representa mais a ideia de
reinvenção e longevidade na prática do que
Madonna. “Ser feito de futuro é ter capacidade
de perpassar os tempos e permanecer
relevante, se reinventando. Esse movimento é
um convite para que todos se inspirem e
valorizem o tempo, a longevidade e o legado
que cada um constrói em suas vidas”, diz em
nota a superintendente de Marketing do Itaú,
Thaiza Akemi.
O Itaú entregou à Madonna a criação
de seu comercial, a primeira em que o banco
permitiu que um artista criasse do zero a
publicidade. A seguir algumas frases, em
tradução livre, da propaganda:
“É um elogio quando me chamam de
rainha do pop, mas a monarquia pertence ao
passado, eu não. Eu não tenho idade, eu tenho
todas as idades. Não é sobre quem eu sou,
mas quantas eu sou. CONTÉM3 as minhas
conquistas e não o número de anos que vivi
nesse planeta.”
“Sempre estou me reinventando, assim
posso continuar a ser quem eu sou. Continuo
me reinventando para poder continuar sendo
eu mesma. Acho que a coisa mais controversa
que eu já fiz foi ter ficado por aqui. Já vi muitas
estrelas surgirem e sumirem como estrelas
cadentes, mas a minha vida nunca irá
desaparecer.”
“Nem todos estão indo para o futuro,
mas eu estou e continuarei indo, hoje, amanhã
e nos próximos 100 anos.”
Nada se parece mais com Madonna do
que essas frases, com isso Madonna deixa
claro para a gente parar de julgar as pessoas
pela idade que elas TÊM4
. A idade não existe
a não ser pelo preconceito.
“Nós somos feitos de futuro”. Se
Madonna é assim, nós TANBÉM5 podemos
ser.
(Fonte: https://www.em.com.br/colunistas/juventudereversa/2024/04/6844213-precisamos-falar-sobre-amadonna-a-nova-grande-voz-contra-o-etarismo.html.
Acesso em: 27 abr. 2024. Adaptado.)
Assinale a alternativa que apresenta
uma análise correta sobre a construção
sintática do período “É um elogio quando
me chamam de rainha do pop, mas a
monarquia pertence ao passado, eu não”:
Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Agente Administrativo III |
Q2488674
Português
Texto associado
Buganvílias
Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas
têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da
altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum,
e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.
Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a
boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela
superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias
funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular,
todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e
até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem
florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho
de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?
Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse
madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando
tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e
fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a
casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar
a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e
seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!
Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em
casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de
orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de
calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o
sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão
explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e
icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos
divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas
enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas
iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e
pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão
destruindo poeticamente.
(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
Em “E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou
indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas.” (4º§), o uso do termo “pois” indica
um valor:
Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Agente Administrativo III |
Q2488667
Português
Texto associado
Buganvílias
Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas
têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da
altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum,
e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.
Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a
boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela
superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias
funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular,
todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e
até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem
florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho
de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?
Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse
madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando
tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e
fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a
casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar
a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e
seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!
Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em
casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de
orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de
calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o
sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão
explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e
icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos
divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas
enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas
iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e
pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão
destruindo poeticamente.
(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
A alternativa em que a oração assinalada expressa oposição é: